A nível mundial, o período entre 1914 e 1930 foi
marcado por grandes transformações, e o Brasil não ficou de
fora.
Primeira Guerra Mundial (1914/1918):
foram apenas quatro ano, mas que mudaram o mundo. Entre 1914 e 1918,
as nações da Tríplice Aliança (Alemanha,
Império Austro-Húngaro e Império
Turco-Otomano) e da Tríplice Entente
(Inglaterra, França e Rússia – até 1917 -
e Estados Unidos – após 1917) estiveram em Guerra, e
nela morreram cerca de 20 milhões de pessoas. Além das mudanças no
mapa da Europa, essa Guerra também marcou o declínio do
poder europeu,e a ascensão dos Estados Unidos. A população
europeia diminuiu, a mulher começou a trabalhar fora e as
famílias se reduziram. E, finalmente, foram criadas novas
tecnologias, como o tanque de guerra, o avião e o
submarino, por exemplo.
Genocídio Armênio:
entre 1915 e 1917, o povo armênio, que vivia no Império
Turco-Otomano, foi sistematicamente assassinado, acusados de
apoiar a Rússia, na Guerra. Cerca de 1,5 milhão de armênios
foram mortos, nesse período, no primeiro grande genocídio do Século
XX.
Revolução Russa: a Rússia
já vinha enfrentando problemas econômicos, políticos e sociais
desde antes da Grande Guerra. Em 1905, houve um anúncio do
que viria a seguir e em 1918, a situação chegou ao limite, com a
eclosão da Revolução Russa. Os bolcheviques,
liderados por Lênin, tomaram o poder, depuseram o Czar
Nicolau II e transformaram um país praticamente feudal, numa
potência socialista, que passou a ser chamada de União
das Repúblicas Socialistas Soviéticas (U.R.S.S.).
Tratado de Versalhes: com o
término da Guerra, as potências vencedoras se reuniram em
Versalhes (França), e decidiram o futuro da Europa.
Esse Tratado se baseou nos 14 Pontos sugeridos pelo Presidente
Woodrow Wilson, dos EUA, entre eles, a devolução da Alsácia
e da Lorena para a França, fim do Império
Austro-Húngaro e do Império Turco-Otomano, criação da
Polônia e da Iugoslávia e criação da Liga das
Nações. A Alemanha foi considerada culpada pela Guerra,
e sofreu pesadas sanções, entre as quais perda de colônias,
pagamento de 269 bilhões de marcos a título de indenização e
desmilitarização forçada.
Gripe Espanhola: como se não
bastasse a mortalidade causada pela Guerra, em 1918 e 1919, o mundo
foi varrido pela Gripe Espanhola, grande pandemia que ceifou a
vida de milhões de pessoas, no mundo todo (calcula-se que entre 50 e
100 milhões de mortos). Somente no Brasil, morreram cerca de
300 mil pessoas, incluindo o Presidente Rodrigues Alves, que
foi eleito, mas morreu antes de tomar posse.
Império Turco-Otomano: em
1922, esse Império deixou de existir e, em seu território, surgiram
a Turquia, o Egito, a Arábia Saudita, a Síria,
o Líbano, o Iraque e outros. Foi nesse período
também, que surgiu o ressentimento dos povos muçulmanos contra
ingleses e franceses, vencedores da Guerra.
A Década de 20: o mundo na
década de 20 já era bem diferente do mundo anterior à Grande
Guerra (1914/1918). O Socialismo começou a se espalhar
pelo mundo (no Brasil, o Partido Comunista foi
criado em 1922), a mulher começou a se emancipar, as artes
sofreram influência do período de guerra, e os meios de comunicação
foram se modernizando (o rádio foi 'inaugurado' em 1922 e o
cinema mudo chegou ao fim em 1928).
Socialismo: em 1918, a
Família Real Russa foi executada, e até 1922, houve uma
guerra entre os exércitos vermelho (adeptos do Socialismo)
e branco (queriam a volta do Czarismo). Em 1922, foi
criada a União Soviética, com a anexação da Bielorrússia
e da Ucrânia, entre outras. Em 1924, Lênin morreu, e
Stálin e Trotsky passaram a lutar pelo poder. A
vitória foi de Stálin, e Trótsky fugiu para o
México, onde seria executado em 1940. Stálin governou
a União Soviética entre 1927 e 1953 e criou os Planos
Quinquenais:
1º Plano Quinquenal (1928/1932): nesse período,
preocupou-se com a agricultura e com a indústria siderúrgica e
eletricidade;
2ºPlano Quinquenal (1933/1937): continuou dando
atenção à indústria pesada, mas também passou-se a dar atenção
a indústrias de bens de consumo. No setor rural, surgiram pequenas
propriedades particulares;
3º Plano Quinquenal (1938/1942): não chegou a
ser concluído, devido à Segunda Guerra.
Emancipação Feminina: desde
o Século XIX, as mulheres já lutavam por maiores direitos,
principalmente no Reino Unido e nos EUA. Aquelas que
lutavam pelo direito de voto eram chamadas de suffragettes
(sufrágio é voto). Nos Estados Unidos, as
mulheres conquistaram o direito de votar em 1919, e no Reino
Unido, em 1928. No Brasil, as mulheres ganharam esse
direito em 1932. Mas, além do direito de votar, a mulher queria
mais, e a Grande Guerra acabou forçando as mulheres a
trabalhar, enquanto os homens lutavam. Assim, na década de 20, as
mulheres começaram a mudar seu visual, cortando os cabelos,
encurtando as saias, fumando, usando maquiagem e até mesmo calças,
antes usadas apenas por homens.
Cubismo
e Surrealismo: o
Cubismo
teve início em 1907, quando o pintor Pablo
Picasso (1881/1973)
pintou Les
demoiselles d'Avignon,
inspirado em máscaras africanas. O Cubismo
procurava representar as figuras em 3D, numa superfície plana. Em
1917, o poeta Guillaume Apollinaire
(1886/1918), ligado ao Cubismo,
criou a palavra Surrealismo,
para a nova arte que estava surgindo no Pós-Guerra.
O Surrealismo
foi influenciado pelas teorias psicanalíticas de Sigmundo
Freud
(1856/1939) e seu líder maior foi o poeta André
Breton
(1896/1966). Seus mais famosos seguidores foram Antoin
Artaud
(teatro), Luís Buñuel
(cinema), Max Ernst,
René Magritte
e Salvador Dali
(artes plásticas). Segundo
os surrealistas, a arte deve se libertar das exigências da lógica e
da razão e
ir além da consciência cotidiana,
buscando expressar o mundo do inconsciente e dos sonhos.
Semana
de Arte Moderna: a
arte brasileira foi sacudida pela Semana
de Arte Moderna.
Entre 13 e 17 de fevereiro, artistas brasileiros organizaram uma
mostra de arte, cujo objetivo era trazer novas tendências, atualizar
a arte, mesclar tendências brasileiras e estrangeiras,
revolucionando o mundo artístico. Participaram
da Semana nomes consagrados do modernismo
brasileiro,
como Mário
de Andrade
(1893/1945), Oswald
de Andrade
(1890/1954), Víctor
Brecheret (1894/1955), Anita
Malfatti
(1889/1964), Menotti
Del Pichia
(1892/1988), Heitor
Villa-Lobos (1887/1959), Di
Cavalcanti (1897/1976)
entre
outros. Essa Semana influenciou o Movimento Pau-Brasil (1924) e no
Movimento Antropofágico (1928). Além de Mário
e Oswald
de Andrade,
esses movimentos tiveram a presença de Tarsila
do Amaral
(1886/1973).
Rádio
e Cinema: o
cinema era mais antigo (1895), mas até 1928, os filmes eram mudos.
Somente neste ano, é que começou a ter som, e muitos artistas
perderam o emprego, por não terem vozes apropriadas. Os nomes mais
famosos daqueles tempos foram Charles
Chaplin
(o Carlitos),
Buster
Keaton,
Harold
Lloyd,
Theda
Bara,
Pola
Negri,
Gloria
Swanson,
Mary
Pickford,
Douglas
Fairbanks,
Rodolfo
Valentino
e D.
W. Griffith
(Diretor). A primeira transmissão
de rádio,
no Brasil,
aconteceu em 1922. Mas até 1930, o rádio era um meio de comunicação
da elite, pois era caro, e dependia de eletricidade, o que muitos
ainda não tinham. Assim, surgiram as rádio
clubes,
que eram mantidas por pessoas ricas, que emprestavam seus discos para
tocar na programação, que era voltada à música erudita, óperas,
valsas
e outros ritmos. O maior cantor de ópera dessa época foi Enrico
Caruso.
Tenentismo:
na
década de 20, os tenentes brasileiros realizaram diversas ações
contra o Governo da República
Velha,
que ficaram conhecidas como Tenentismo.
A primeira revolta foi a dos 18
do Forte,
em 1922. Ela eclodiu quando o Presidente Artur
Bernardes
ordenou a prisão do Marechal Hermes
da Fonseca,
Presidente do Clube Militar e Ex-Presidente. Os tenentes do Rio
de Janeiro
se revoltaram e se amotinaram no Forte
de Copacabana.
Ao final, sobraram 18 militares, que marcharam pelo calçadão de
Copacabana
e foram fuzilados, restando apenas dois: Siqueira
Campos
e Eduardo
Gomes.
Dois anos depois, eclodiu a segunda revolta, desta vez em São
Paulo,
e coordenada por Juarez
Távora,
Miguel
Costa
e Eduardo
Gomes,
entre outros. Os revoltosos combateram em São
Paulo,
e depois se dirigiram para o Sul.
Se encontraram com outro grupo, liderado por Luís
Carlos Prestes,
em Foz
do Iguaçu
(PR),
e deram origem à Coluna
Prestes.
Composta por cerca de 1500 homens, a Coluna
Prestes
percorreu 25 mil quilômetros, passando por 11 estados. O objetivo
dos tenentes era fazer com que o povo percebesse os desmandos da
República
Velha
e pusesse fim a ela. Durou dois anos, e acabou saindo do Brasil,
para evitar a prisão. Luís
Carlos Prestes
foi chamado de “Cavaleiro
da Esperança”.
A
Crise de 1929: com
o advento da
Grande Guerra,
os Estados
Unidos
prosperaram, vendendo muito para a Europa,
que tinha suas fábricas paralisadas. Assim, os Anos
20
foram de grande crescimento econômico: as cidades se enchendo de
arranha-céus,
a vida noturna ficava cada vez mais agitada, o charleston
animava as festas da elite, as indústrias cresciam seguindo as
ideias do Fordismo
e do Taylorismo,
e os automóveis
e eletrodomésticos
entraram para o dia-a-dia da população. Mas essa euforia teve um
preço: em 1929, houve uma crise
de superprodução
(produzia-se mais que se vendia), e a Bolsa
de Valores de New York
entrou em colapso. O resultado foi catastrófico: milhares de
empresários e banqueiros faliram, milhares de desempregados, pessoas
passando fome, e acrise se alastrando para o mundo todo, inclusive o
Brasil...
Regimes
Totalitários: quando
Adam
Smith
criou o Liberalismo,
a burguesia
concluiu que encontrara a fórmula do sucesso: os governos não
deveriam se envolver na economia (laissez-faire).
Mas, com o advento da Guerra, essa fórmula caiu por terra, e os
governantes, acreditando que o Liberalismo
era o maior culpado da Guerra, passaram a controlar não só a
economia, como até a vida de suas populações. Nasciam assim, os
regimes
totalitários:
Stalinismo
(URSS),
Nazismo
(Alemanha),
Fascismo
(Itália),
Franquismo
(Espanha),
Salazarismo
(Portugal),
Getulismo
(Brasil)
e Peronismo
(Argentina).
Os regimes ou movimentos totalitários mantêm o poder
político através
de uma propaganda
abrangente,
divulgada através dos meios
de comunicação controlados
pelo Estado, um partido
único, que
é muitas vezes marcado por culto
de personalidade (Hitler,
Mussolini,
Franco,
Salazar,
Vargas
e Perón),
o controle
sobre a economia,
a regulação e restrição da expressão,
a vigilância
em massa
e o disseminado uso do terrorismo
de
Estado.
Grandes
Líderes: Josef
Stálin
(1878/1953), Adolf
Hitler
(1889/1945), Benito
Mussolini
(1883/1945), Francisco
Franco
(1892/1975), Antonio
Salazar
(1889/1970), Getúlio
Vargas
(1882/1954), Juan
Perón
(1895/1974),
Franklin Roosevelt (1882/1945),
Winston
Churchill
(1874/1965)