segunda-feira, 24 de junho de 2013

As Eras de Hobsbawm - Parte 2

Parte 1 - Evolução

O Mundo na Década de 1780

"A primeira coisa a observar sobre o mundo na década de 1780 é que ele era ao mesmo tempo menor e muito maior que o nosso"

Por que E.H. começou seu livro com essa afirmação? Vejamos: primeiramente, ele afirma que o mundo de 1780 era "menor" que o nosso, porque ele era geograficamente desconhecido. Naquela época não se conhecia o fundo dos mares, o contorno de muitas áreas continentais e ilhas, o alto da maioria das montanhas e o curso da maioria dos rios. Além disso, a população daquela época era 1/3 menor que a atual, e não se "espalhava" por todos os lugares como hoje, mesmo porque o mundo de 1780 era mais frio e úmido que o atual, o que não encorajava esses avanços.

Mapa de Bowles - 1780

Além disso, os homens e mulheres de 1780 eram mais baixos do que somos hoje (tinham cerca de 1,50 m de altura). E haviam as doenças endêmicas, como a malária, que impediam que a população ocupasse todos os lugares (haviam pântanos e charnecas onde ninguém se atrevia a ir). Com isso, as pessoas ainda ocupavam muito pouco de tudo que poderiam, no mundo. mas, como a população mal crescia, isso não era um problema...

Os "baixinhos" do Século XVIII

Por outro lado, o mundo de 1780 era muito maior que o de hoje, se levarmos em consideração o tempo que se levava para ir de um lugar a outro, sejam pessoas, mercadorias ou até mesmo mensagens e notícias. Primeiramente, lembremos que a maior parte do transporte era por mar e rios. As estradas eram poucas, em relação às de hoje, e precárias. Além disso, haviam bandoleiros pelas estradas, o que inviabilizava muito o transporte terrestre. Assim, a maior parte era feita pela água. 

O difícil transporte do Século XVIII

Mas, mesmo por água, tudo era muito lento, em comparação com os dias de hoje. Uma carta, por exemplo, levava tempo para chegar ao seus destino. De Londres para os Estados Unidos, por exemplo, era uma vez por mês. Não é a toa que os estadunidenses quisessem libertar-se. Mas lembremos que, naquela época, a maioria das pessoas era analfabeta. Então, é surpreendente os 20 milhões de cartas que circularam pela França, no início das Guerras Napoleônicas...

Jean-Honore Fragonard - The Love Letter (1770/1780)

Por incrível que pareça, foi mais fácil transportar 44 mil pessoas, da Irlanda do Norte aos Estados Unidos, entre 1769 e 1774, do que 5 mil pessoas da Irlanda do Norte para a Escócia, em três gerações. A Queda da Bastilha só foi noticiada em Madri, Espanha, 13 dias depois. E as pessoas não tinham hábito de viajar: nascia-se e morria-se no mesmo local. O hábito de viajar e conhecer lugares só começaria no Século XIX. Nesse período, as pessoas ainda viviam em seus vilarejos, onde todo mundo se conhecia, nada era segredo e, muitas vezes, as notícias demoravam a chegar.

Cidade de Cheshire, Séc. XVIII

Esse era um dos aspectos do mundo em 1780: menor e maior que o nosso, em vários aspectos. O número de pessoas que se deslocava, conhecia outros lugares, e ajudava a circular as notícias era mínimo. Na maioria dos casos, a vida corria monótona, sem novidades ou sobressaltos. Quando havia alguma novidade, levava dias para chegar aos lugares mais distantes, e pouco afetavam o dia a dia das pessoas, muito ocupadas em seus afazeres rotineiros...é como Tolkien deve ter imaginado seus hobbits: distantes de tudo, e vivendo suas vidas sossegados. E quem atrapalhasse isso, mesmo que fosse morador da vila, deveria ser mal visto pelos demais...

Ainda hoje há pequenas vilas na Europa...

Parei na p. 28



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