quarta-feira, 21 de março de 2018

PORTUGAL: O PRIMEIRO ESTADO NACIONAL MODERNO

Durante a Idade Média (séculos V a XV), o poder dos reis era descentralizado. Mas, desde o Século XIII, isso começou a mudar.
Primeiramente, devemos saber que o primeiro Estado Nacional Moderno foi Portugal.
Vamos ver como isso ocorreu:


INVASÕES ÁRABES
Primeiramente, vamos lembrar que Portugal fica na Península Ibérica, região da Europa que foi colonizada por íberos, romanos, e outros povos, que criaram os Reinos Cristãos: Leão, Castela, Navarra, Aragão...
Em 711 (Século VIII), a Península foi invadida pelos árabes, que chegaram até à França, sendo derrotados em Poitiers (732), por Carlos Martel.


ÁRABES NA EUROPA
Os árabes, chamados de mouros, ficaram na Península Ibérica por sete séculos, de 711 a 1492. Nesse período, árabes e cristãos travaram a Guerra da Reconquista.
Esse período teve inúmeras batalhas, mas também muita troca de conhecimentos, sendo que a cultura árabe está presente até hoje, na Espanha e em Portugal...


O CONDADO PORTUCALENSE
Um dos episódios da Guerra da Reconquista aconteceu em 1096, quando o nobre Henrique de Borgonha (1066/1112) foi ajudar o Rei Afonso VI de Leão e Castela (1047/1109) a lutar contra os árabes.
Em troca, ele recebeu a mão da Princesa Teresa de Leão (1080/1130) e o Condado Portucalense, tornando-se conde e vassalo do sogro.


DOM AFONSO I DE PORTUGAL
O casal teve um filho, Afonso Henriques (1109/1185). Ele nasceu no mesmo ano que seu avô morreu, e o Reino de Leão passou para Afonso VII, filho de Raimundo de Borgonha, primo de Henrique.
Como não se entendia com seu parente distante, Afonso Henriques acabou proclamando a independência do Condado Portucalense, que tornou-se Reino de Portugal (1139), e ele passou a ser Afonso I de Portugal.


REINO DE PORTUGAL E ALGARVE
A Dinastia de Borgonha governou o Reino de Portugal entre 1139 e 1383. Foram nove reis, merecendo destaque o Rei Afonso III (1210/1279) que, em 1249, “tomou” o Algarve dos árabes, e incorporou ao Reino. Assim, Portugal já tinha o território atual, no Século XIII.
Lisboa tornou-se capital em 1255.


O FIM DA DINASTIA BORGONHA
O último Rei da Dinastia Borgonha foi Fernando I (1345/1383). Ele era casado com D. Leonor Teles (1350/1386) e tinha uma filha, D. Beatriz (1373/1412), que era casada com João I de Castela (1358/1390).
Quando o Rei morreu, a viúva e a filha quiseram unir os reinos de Portugal e Castela. Mas, os comerciantes portugueses não tinham essa intenção, e decidiram apoiar um outro candidato...


A DINASTIA DE AVIS
Entre 1383 e 1385, houve uma crise política, em Portugal. Ao final dela, dois exércitos travaram a Batalha de Aljubarrota (1385), e quem venceu foram os burgueses, que apoiavam D. João I (1357/1433), Mestre de Avis, irmão bastardo de D. Fernando I.
Dessa forma, uma nova Dinastia passava a governar Portugal: a Dinastia de Avis (1385 a 1580).


O ESTADO NACIONAL MODERNO
Mas, não era só isso: Portugal era o primeiro país a ter um rei unido à burguesia mercantil. A isso, damos o nome de Estado Nacional Moderno.
Os burgueses de Portugal eram navegantes, comerciantes do mar, pescadores.
Então, o rei resolveu se unir a eles, e desenvolver o Reino...


A CONQUISTA DE CEUTA
O Estado Nacional Português deu tão certo, que trinta anos depois da Batalha de Aljubarrota, ainda no reinado de D. João I, os portugueses fizeram sua primeira conquista, fora do território europeu: em 1415, conquistaram a cidade de Ceuta, no Norte da África.
Era o início das Grandes Navegações...


quinta-feira, 8 de março de 2018

À TODAS AS MULHERES DO MUNDO!

Não bastava a Eva comer a maçã, ou a Pandora, abrir a caixa! Tinha que vir Helena de Troia, e derrubar todos os homens, Lady Godiva teve que se despir, Morgaana e Guinevere disputar o amor do Rei Arthur (mas com Lancelote também na jogada)
As mulheres precisaram ser cortesãs, sacerdotisas,s pitonisas, bruxas e feiticeiras, amantes dos reis, rainhas, imperatrizes, precisaram vagar pelo Inferno, Purgatório e Paraíso, como a Beatriz de Dante, precisaram ser a Heloísa de Abelardo, mal faladas como a poetisa Safo, a Madame Pompadour ou a Lucrécia Bórgia.
Mas também foram amadas, como Afrodite, Simonetta Vespucci, Rita Hayworth e Marilyn Monroe. Foram compreendidas, admiradas, incompreendidas e odiadas, foram a Rainha Margô e a escrava Tituba, comandaram Palmares, foram a Rainha de Sabá e Rosa Parks.
Às mulheres sobrou a luta, como Anita Garibaldi e Maria Quitéria, a guilhotina, como Maria Antonieta, ser Mãe Menininha do Gantois, Maria Bonita e Imperatriz Leopoldina, com pitadas de Princesa Isabel e Carlota Joaquina, sem esquecer a Marquesa de Santos!
As mulheres foram Nair de Teffé, Marie Curie, Madre Teresa de Calcutá e Lady Di, foram Mata Hari, Greta Garbo e Bonnie Parker. Mas também foram Lilith, Brancaa de Neve e Bela Adormecida (que já acordou), viraraam Malévola, Mirandaa Priestey e Hilda Furacão.
Mas a mulher de hoje, soma de todas as outras, quer apenas sser ouvida, amada em suas decisões e em sua profissão, quer ter o direito de sser mãe, esposa, amante, solteira, casada, avó, criança, ser feliz e fazer feliz os seus homens.
Para todas essas e aquelas que estão aí contidas, um FELIZ DIA DA MULHER!


segunda-feira, 5 de março de 2018

CONTRA A DITADURA

A morte da atriz Tônia Carrero, aos 95 anos, me fez lembrar essa foto, dos Anos 60:
Nela, podemos ver as então jovens atrizes Eva Todor (1919/2017), Tônia Carrero (1922/2018), Eva Wilma (1933/), Leila Diniz (1945/1972), Odete Lara (1929/2015) e Norma Bengell (1935/2013), em passeata, contra a Ditadura.
Primeiramente, mulheres (num país machista, década de 60, quando os costumes ainda eram mais severos que os de hoje, na rua, exigindo que a Democracia retornasse, inclusive nos palcos de todo o país;
Em seguida, artistas, de televisão, teatro e cinema, que era chamadas de prostitutas, por causa de sua arte, que era (e é) o de representar outras pessoas, e inclusive beijar outros homens, além do seu. A indignação que elas causavam, não era idêntica a de ver homens beijando outras mulheres que não as "suas";
Em terceiro lugar, o fato de que protestavam pelo direito de apresentar todo e qualquer espetáculo, sem que a Censura e o Governo tivessem que "liberar" ou não. A Revista VEJA dessa semana, mesmo sendo de direita, como muitos dizem, trouxe um texto em que diz que o professor de Brasília que resolveu criar um curso intitulado "O Golpe de 2016", tem o direito de fazê-lo, mesmo com o Ministro da Educação tentando, de todas as formas, impedi-lo.
Porque arte, cultura, entretenimento, num país democrático, não podem "pertencer" a um grupo. Eu não gosto de determinada música, problema é meu. Se não gosto de um assunto, não entro na conversa, e deixo quem quer que ouça, veja, opine, etc. O que não pode, é impedir a arte ou a cultura, principalmente em locais fechados.
Mas, neste país, parece que as coisas vão para trás. Triste deve ser essas atrizes, há 50 anos, lutando pela democratização da cultura, e agora ver tudo "desandar". Pena que a maioria já morreu...


Como o diabo ficou vermelho e ganhou chifres?

Se alguém te pedisse para imaginar o diabo, provavelmente viria à mente um demônio com um tridente nas mãos. No entanto, por centenas de anos, o diabo cristão não foi retratado pela arte religiosa e, quando finalmente surgiu, era azul e não tinha chifres ou cascos.
A imagem mais familiar para nós surgiu pelas mãos de gerações de artistas e escritores que pegaram o pouco que é dito pela Bíblia sobre Satanás e o reinventaram ao longo do tempo.
A Bíblia diz que Satanás era o maior adversário de Deus. Na Bíblia judaica, o diabo é apenas outro agente subordinado a Deus, um anjo do mal, uma alegoria que simbolizava a inclinação maligna dos homens e mulheres. Esse personagem foi desenvolvido pelos cristãos até transformá-lo em uma representação da maldade suprema.
A doutrina cristã diz que Satanás assumiu a forma de uma serpente e tentou Eva no Jardim do Éden, mas não há nenhuma menção ao diabo no livro Genesis. Foi só mais tarde que os cristãos interpretaram a serpente como uma encarnação de Satanás.
Também acredita-se que Satanás foi expulso do céu após desafiar a autoridade de Deus. Porém, na Bíblia, um personagem misterioso é expulso após rebelar-se contra Deus. A caracterização de Satanás como um anjo caído deriva dessa tradição.
A imagem de um Satanás que governa o inferno e inflige tortura e castigo aos pecadores também não encontra correspondência no texto sagrado. O livro das Revelações profetiza que Satanás será enviado ao inferno, mas sem qualquer estatus especial e sofrendo as mesmas torturas que os demais pecadores.
Nos primeiros séculos do Cristianismo, não havia muita necessidade de representar o mal na arte religiosa. Os cristãos acreditavam que os deuses pagãos rivais, como o egípcio Bes e o grego Pan, eram demônios responsáveis por guerras, doenças e desastres naturais.
Cem anos depois, quando o diabo apareceu na arte ocidental, algumas representações incorporaram os atributos físicos destes deuses, como o pêlo facial de Bes e as patas de cabra de Pan.

Anos 1260 ~ O diabo medieval

Na idade média, surgiu o retrato de Satanás mais reconhecível. Foi uma época de muito sofrimento, que ficou ainda pior com o surto de peste negra, a epidemia mais devastadora da história humana, com milhões de mortos na Europa.
Como a Igreja não podia proteger os fiéis da doença, as representações de Satanás centraram-se nos horrores do inferno, refletindo o ânimo do momento e lembrando por que não se devia pecar.

Anos 1530 ~ Propaganda endiabrada

Há uma longa tradição de associar o diabo aos inimigos do Cristianismo dentro e fora da Igreja.
Quando ela se dividiu durante a Reforma, católicos e protestantes se acusaram mutuamente de estarem sob a influência do diabo com propagandas jocosas e grotescas sobre esta corrupção.

Anos 1500-1600 ~ Feitiços e sedução

No início do período moderno, pessoas eram acusadas de fazer pactos com o diabo e praticar bruxaria. Satanás era frequentemente representado como um sedutor e se achava que as mulheres eram especialmente vulneráveis a seus encantos.
Imagens mostravam mulheres em atos sexuais com o diabo, por elas serem consideradas o sexo frágil e mais propensas a caírem em pecado por serem incapazes de dominar seus desejos carnais.
Se Satanás conseguia corromper o corpo feminino, era uma ameaça à segurança familiar, à santidade e até mesmo à fertilidade da comunidade.

Anos 1600-1800 ~ Um diabo iluminado

Os escritores e pensadores iluministas reinterpretaram a história do diabo para que se ajustasse às preocupações políticas da época. John Milton descreveu um Lúcifer psicologicamente complexo no poema Paraíso Perdido, que conta a queda em degraça de Satanás.
Enquanto os textos religiosos anteriores haviam examinado a motivação de Satanás para condená-lo, o Lúcifer de Milton é um personagem atraente e solidário que encarna os sentimentos de rebeldia do republicanismo do século 17.
Para alguns artistas românticos e iluministas, Satanás era um nobre rebelde que travava uma batalha contra a autoridade tirânica de Deus.

Anos 1900-2000 ~ Animal político

Quando a ciência conseguiu explicar a morte, as doenças e os desastres naturais, a figura do diabo ficou ameaçada. Havia lugar no mundo laico para Satanás?
Foi quando um diabo urbano e sofisticado entrou em cena. Seguindo uma tradição de identificá-lo com inimigos políticos e religiosos, o diabo foi usado para ilustrar a oposição política por meio de caricaturas e sátiras.
Além disso, Satanás encontrou seu lugar no mundo comercial, tornando-se sinônimo de excessos pecaminosos, aparecendo em propagandas para vender desde chocolate e champagne até carros de luxo.

IMAGENS



Fig. 1: Diabo, Satanás, Lúcifer e, às vezes, Leviatã ou Mefistófeles: varios nomes, várias faces, vários papéis


Fig. 2: Na obra dos irmãos Linbourg (1385–1416), Lúcifer tortura e é torturado


Fig. 3: Um anjo a ponto de abrir as portas do inferno nesta imagem feita entre 1121 e 1161


Fig. 4: Com barba, cascos, chifres e rabo, o diabo aparece assustado em um jardim da erva que supostamente repele demônios


Fig. 5: Na Bíblia de Alba, traduzida do hebraico para o castelhano medieval em 1430, o arcanjo Miguel luta contra Satanás


Fig. 6: O diabo faz parte de uma linguagem de caricaturas


Fig. 7: Detalhe da la obra 'Ações dos diabos", publicada na Espanha no final do século 14


Fig 8: "Lúcifer", de Franz von Stuck (1863-1928), dá a sensacão do diabo estar mais próximo de nós